GABRIEL DIRCEU: A NOVA FORÇA DO FUTEBOL BRASILEIRO QUE UNE TALENTO, DISCIPLINA E PRESENÇA
A nova safra do futebol brasileiro não é composta apenas por jogadores habilidosos. Surge uma geração que entende o esporte como um conjunto de elementos: performance, mentalidade, imagem, propósito e constância. Nesse cenário, um nome chama atenção pelo modo como construiu sua trajetória: Gabriel Dirceu, 20 anos, carioca, lateral de origem, mas dono de um entendimento amplo do jogo e de uma presença marcante dentro e fora do campo.
Dirceu não foi um fenômeno precoce. Sua formação aconteceu em meio a pressão, incertezas e superação. Na Portuguesa (RJ), esteve muito perto de ser dispensado ainda adolescente — um episódio que poderia ter interrompido sua caminhada, mas acabou se tornando o ponto de virada. Ele converteu medo em disciplina, insegurança em método e dúvida em foco.
Desde então, adotou uma postura rara para atletas tão jovens: mergulhou no estudo da mentalidade dos grandes nomes do esporte, ajustou milimetricamente cada elemento de sua rotina e passou a operar no que chama de sua “linha de excelência”.
Presença, identidade e o atleta contemporâneo
O que diferencia Gabriel não é apenas sua entrega em campo, mas a consciência da imagem que projeta. Postura, silêncio concentrado, estética e forma de se apresentar fazem parte de um atleta que entende que o futebol moderno vai muito além dos 90 minutos.
Dirceu é versátil, rápido, técnico e inteligente — mas também é narrativa, marca, presença. Sua compreensão de que o corpo é instrumento e vitrine, e de que performance é treino e atitude, constrói uma identidade que começa a atrair atenção nacional.
Com valor de mercado de 3 milhões de dólares ao assinar com o CSA, rapidamente mostrou que a aposta fazia sentido: conquistou o Campeonato Alagoano, chegou às quartas da Copa do Brasil Sub-20 e ganhou destaque como um dos atletas mais intensos e disciplinados das categorias de base do país.
O jovem também tem passagens por Botafogo, Avaí e Volta Redonda — onde marcou seu primeiro gol como lateral e consolidou o estilo agressivo e lúcido que o caracteriza.

A jornada até aqui
Criado no Rio de Janeiro, filho de Maurício Dirceu Ferreira Silva e Verônica de Almeida Vasconcellos Silva, iniciou no futsal e no society antes de ingressar nas categorias de base. Inspirado por Cristiano Ronaldo, moldou uma ética de trabalho que treinadores qualificam como “obsessiva”. Para ele, excelência é uma equação de rotina: sono, alimentação, recuperação, foco e treino extremo.
Em 2021, apareceu entre os jovens laterais mais promissores do país. Em 2023, suas atuações o colocaram na mira de clubes profissionais. Uma lesão chegou a interromper sua sequência, mas o retorno veio ainda mais determinado — com metas claras para os próximos anos, incluindo o objetivo de ser o melhor jogador do mundo até 2032.
Pelo ritmo que impõe à própria carreira, não parece um sonho distante.



Um nome inevitável
Gabriel Dirceu incorpora um novo arquétipo de atleta: performa, inspira, se posiciona e constrói marca. A intensidade com que vive o futebol gera a sensação de que seu salto definitivo é apenas questão de tempo.
Para treinadores e analistas que acompanham sua ascensão, Dirceu é um nome que o futebol brasileiro não conseguirá ignorar. Um talento lapidado por força mental.
A seguir, uma entrevista exclusiva em que o jovem atleta aprofunda sua visão sobre disciplina, superação e mentalidade — fatores que o impulsionam rumo ao topo.
Sua rotina de trabalho é reconhecida pela intensidade e pelo nível de exigência. Como essa mentalidade foi construída ao longo da sua formação?
Gabriel: Essa mentalidade vem de muito cedo. Quando eu era pequeno, eu me via abaixo dos outros jogadores — tecnicamente, taticamente, mentalmente e emocionalmente. Eu sabia que não tinha os mesmos recursos que eles. E isso me incomodava demais.
Foi quando comecei a estudar os maiores atletas da história — de todos os esportes. Queria entender o que fazia eles serem diferentes. E, em uma dessas pesquisas, acabei estudando até como os leões caçam as zebras na savana.
Eles passam horas parados, em silêncio, esperando o momento certo. Não desperdiçam energia. Quando chega a hora, eles atacam — e acabam com a presa.
Aquilo mudou a minha cabeça. Eu entendi que, se eu estava abaixo, eu precisava compensar com foco. Foco no sono, na alimentação, na recuperação, no treino, em cada detalhe. Eu decidi que ia viver com um nível de foco que os outros não suportariam manter.
O episódio em que quase foi dispensado da Portuguesa (RJ) transformou sua forma de lidar com pressão?
Gabriel: Aquele momento em que quase fui dispensado na base da Portuguesa foi o que moldou minha mentalidade. Na hora, é dolorido — você chora, se sente sem chão. Eu chorei várias vezes nos treinos.
Mas depois entende que é exatamente esse tipo de dor que te prepara pro alto nível. Foi ali que eu aprendi que, se eu desse um passo a menos, ficaria sempre abaixo. Então comecei a trabalhar o dobro.
Essa experiência construiu a mentalidade que eu carrego até hoje: de melhorar todos os dias, em tudo. Corpo, mente, espírito. Até nas pequenas coisas. Se eu quero estar acima, eu preciso fazer mais, com mais intensidade, com mais verdade.
Sua capacidade de atuar em múltiplas posições influenciou sua leitura de jogo?
Gabriel: Jogar em várias posições me fez entender o jogo de um jeito diferente. Eu já fui lateral, ponta, volante, meia. Então eu sei como cada posição pensa, como cada jogador gosta de receber a bola, como ele se movimenta, onde ele sente mais cansaço, o que facilita a jogada pra ele.
Isso me faz antecipar o que vai acontecer. Eu consigo facilitar a vida do meu companheiro, porque eu já estive no lugar dele. E essa leitura é o que eleva o jogo coletivo. Futebol é conexão, e quem entende o outro joga um passo à frente.
Quais pilares considera fundamentais para alcançar sua meta de ser o melhor jogador do mundo até 2032?
Gabriel: Meu objetivo é ser o melhor jogador do mundo até 2032. E pra isso, o segredo não é adicionar mais coisas — é tirar.
Tirar tudo que não é essencial. Tudo que não me leva à performance máxima. E aí, o que fica, eu faço com total atenção aos detalhes — quase de forma obsessiva.
Constância, foco e consistência. Dia após dia, semana após semana, mês após mês. No curto prazo, ninguém percebe. Mas no longo prazo, os resultados aparecem.
E quando isso acontece, você olha pra trás e percebe que construiu algo que ninguém mais foi capaz de sustentar.
Qual é o papel da fé e da sua família na sua estabilidade emocional e no seu desempenho profissional?
Gabriel: O futebol é pressão o tempo todo — cobrança externa, lesão, críticas, torcedores, expectativas. E ainda tem a cobrança interna, que é a mais dura: a de buscar a performance máxima, de crescer sempre.
É aí que entram a fé e a família.
Minha fé me acompanha desde pequeno. E meus pais sempre estiveram comigo nos momentos mais difíceis — quando nem eu acreditava em mim, eles acreditavam.
Eles foram meu alicerce, meu refúgio emocional, minha base quando tudo balançava.
Esses dois pilares — fé e família — são o que me mantêm centrado, com os pés no chão, mesmo quando a cabeça está no topo.
